Passados noventa dias de nosso
ingresso na ordenha, não há como reclamar de tudo que já vivemos e por tudo que
já erramos. Por tantas tentativas, insistindo em algumas convicções, dá para dizer
que acertamos uma boa parte. Dos erros nasceram belas lições. Impossível não dar
crédito as muitas pessoas que ouvimos e não dá pra dizer que a internet não serviu
para nada. Foi por ela que lemos e assimilamos grandes orientações de
especialistas na área, sem que gastássemos um tostão.
Realmente, considerando a rapidez
do aprendizado, concluímos que só não sabe quem não quer, pois nada entendíamos
deste ramo tão complexo. Fomos, gradativamente, aprendendo uma coisa a cada dia
e conscientes que há ainda muito por saber. Com o que já executamos não se poderia esperar
resultados melhores. Acho que a humildade de escutar atentamente foi um fator
relevante no negócio, aliás, ainda continuamos a ouvir quem se presta a nos dar
conselhos.
Vejam o caso da produção de
leite. Começamos com 45 mil litros mensais e atualmente chegamos aos 60 mil litros
com o leite mantendo a qualidade inicial. Ao mesmo tempo reduzimos a despesa de
alimentação do rebanho em 20% quando implantamos um plano nutricional e
passamos a evitar o desperdício de comida.
O nosso grande problema atual é
o Intervalo entre Partos, mas para quem já sabe que isto é um problema já é
meio caminho andado. Nosso intervalo, atualmente, está em quase 190 dias. Para
quem já está acostumado ou quem tem um intervalo muito longo, sabe
perfeitamente que isto é consequência de ineficiência completa na inseminação. Temos
na propriedade um funcionário treinado e encarregado desta função. No entanto
ele não trabalha lá só para isto, pois tem todas as tarefas diárias, junto com
os outros, no manejo do rebanho e nos procedimentos da ordenha. Então, reconheçamos que o sujeito não vive o tempo todo espreitando
as vacas para cuidar do cio.
Por estas e outras, estamos adotando,
a partir de agora, o sistema de Inseminação Artificial de Tempo Fixo (IATF) e
esperamos que uma centena de vacas vazias e novilhas peguem barriga. A intenção
é inseminar umas vinte por mês, pois nos preocupa, mais tarde, uma avalanche de partos em só
mês. Teoricamente, dentro de um ano, queremos ter mais umas 70 vacas em lactação
que, somadas às atuais, representará futuramente um aumento substancial na
produção de leite. Temos esperança (sempre a última que morre) de alcançarmos
em doze meses algo em torno de 120 mil litros de leite mensais.
Uma holandesa dizia a sua bezerra
quando passávamos perto de uma baia:
- Filha, tá vendo aqueles dois?
Tão fazendo chover aqui na fazenda!